TV REVIEW | You (2019)

Novo ano, novas séries. E já há algum tempo que não nos víamos por aqui, hein? Pois bem, hoje vamos falar de uma nova série, que muito rápido se tornou um fenómeno da Netflix. Falamos, é claro de YOU - uma mistura entre Dexter e American Psycho, com um bocadinho de comédia romântica. Com Penn Badgley no papel principal, e um elenco relativamente novo, estamos entregues a uma história promissora e muito, muito negra. 


(ATENÇÃO: Este artigo pode conter spoilers!)

Originalmente pertencente ao canal Lifetime, que renovou a série para uma segunda temporada antes de esta passar a um Original Netflix, You baseia-se no livro homónimo de Caroline Kepnes. Sem ter lido o livro, e sem qualquer expectativa do que iria ver, a curiosidade falou mais alto - e fui incapaz de descolar da série após o primeiro episódio.

You conta-nos a história de Joe (Penn Badgley, que já conhecíamos como Dan em Gossip Girl), o gerente de uma livraria onde conhece Beck (Elizabeth Lail), que parece ser a rapariga dos seus sonhos. Ora, perante esta história clássica de "boy meets girl", pouco esperamos, mas a atmosfera negra da série faz-se sentir desde início, e cedo percebemos que esta não é a nossa típica história de amor. Joe torna-se obcecado por Beck, e recusa-se a aceitar que se coloquem no seu caminho. Controla-a através das redes sociais, após roubar o seu telemóvel, e isso traduz-se, também num controlo das suas rotinas, sabendo sempre com quem está e onde está a todos os momentos. Fugindo completamente à realidade das relações, Joe comete homicídio por Beck, e assim, ao longo de dez episódios, a série escala até um final deveras intrigante. Será que Beck vai escapar à obsessão de Joe? Ou ficará para sempre com ele?

Nesta história há muito para ver, mas hoje quero focar-me essencialmente em dois pontos. O primeiro passa pela prestação de Penn Badgley como Joe. Depois de Michael C. Hall como Dexter ou de Christian Bale como Patrick Bateman, bem que todos precisávamos de um novo psicopata favorito. E Joe é tudo isso - vem com as observações aguçadas e irónicas de Dexter, mas com a classe de Bateman e ao mesmo tempo criando um estilo muito seu no qual chega até a ser romântico. E ver Badgley nesta personagem está longe de ser doloroso. É enternecedor, e ao mesmo tempo assustador, ver as mudanças de atitude da personagem e a sua evolução ao longo da série, além do seu desdém para com as coisas mais mundanas. Só por isso vale muito a pena espreitarem You o quanto antes. 

O segundo ponto em que gostava de me focar com este texto é toda a conversa e burburinho que se ouve à volta da série. Hoje vamos escapar à conversa chata de construção técnica da série, e portanto neste aspecto há várias coisas a referir. A primeira prende-se com a conversa que se lançou em torno de Joe. Será a personagem romântica, um assassino a sangue frio, ou alguém sem mais nada que fazer de tal forma que foi necessário perseguir uma mulher até à morte? 

Pessoalmente, e tendo lido ínúmeros comentários online, digo-vos já que o aspecto mais enternecedor da personagem de Joe é mesmo a sua relação com Paco (Luca Padovan). É o único aspecto dele que o faz parecer realmente humano. Muito à semelhança de Dexter - em que a sua parte humana estava directamente ligada à relação com Rita. De resto, tudo na personagem está capaz de nos deixar com os cabelos em pé. 

E agora, vamos falar um pouco de Beck. Como é que, ao longo de quase 10 episódios, ela não percebeu que Joe não é quem diz ser? Seria ingenuidade? Vontade que ele fosse o príncipe encantado com que sempre sonhou? As pistas eram mais que muitas, e mais que evidentes, e enquanto espectadora, a ingenuidade desta personagem também me deixou com os cabelos em pé. Ao mesmo tempo, Joe e Beck são pólos completamente opostos, lados contrários de uma mesma moeda, e ela apenas se apercebe quando é tarde de mais. 

No geral, You foi uma agradável surpresa com que começar o ano. É uma série negra, intensa e de construção agradável, na qual a acção se desenvolve ao ritmo ideal para aquilo que se propõe. Merece sem dúvida uma espreitadela. 


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