REVIEW | SAW - 10 Anos em Retrospectiva
É em 2014 que comemoramos a primeira
década da saga que mais marcou o cinema de terror desde filmes de culto como Hellraiser ou Texas Chainsaw – era o que existia antes de Saw. Antes de Saw
existiam filmes como Scream (uma
brilhante obra de Carpenter, diga-se de passagem), ou Sei o Que Fizeste o Verão
Passado e clássicos como Carrie. E
depois veio Saw, e depois de Saw? Já lá iremos.
Tudo começa então quando em 2003 sai
da cabeça de Leigh Whanell e James Wan uma curta-metragem que mais tarde daria
origem ao incrível enredo do primeiro filme da saga, lançado um ano mais tarde.
Enredo esse que à partida nem tem muito que se lhe diga: vemos dois homens numa
casa de banho há muito abandonada, ambos presos com grilhetas nos pés, e com um
morto entre eles… Não parece haver muita história por trás, certo? Mas aquilo
que parecia um enredo simples e sem sal torna-se um puzzle de cinco mil peças
que se desenvolve e evolui ao longo de (nem mais, nem menos) sete filmes, um
deles em versão 3D.
Saw tornou-se
um dos maiores e mais rentáveis franchisings
de terror (contando com uma receita bruta mundial de cerca de 873 milhões de
dólares em box-office), o que não
quer necessariamente dizer que todos os filmes da saga tenham sido igualmente
bons. Pensemos por um segundo: foram sete filmes. Sete filmes com a mesma
história, o desenvolvimento do tal puzzle de cinco mil peças e montes de
armadilhas mortais que embora nojentas não deixam de ser originais. Mas sete
filmes? A maior desvantagem da saga foi ter esticado a corda até mais não, até
o puzzle ter sido feito e refeito tantas vezes que enquanto espectadora já não
sei para que lado me hei-de virar.
Com isto, não quer dizer que tudo
tenha sido mau. Após um começo brilhante, com um dos argumentistas num dos principais
papéis (Leigh Whanell) e o outro atrás das câmaras (James Wan), apresentando ao
mundo o psicopata até então sem cara e sem nome (mas com alcunha) – Saw deixa tantas pontas soltas que merece
uma sequela.
E eis que chega, em 2005, Saw II. Desta vez com Darren Lynn
Bousmann atrás das câmaras, realizador que acompanhou a saga até 2007 (com Saw IV). Um filme quase tão bom como o
primeiro, em que vemos finalmente a cara e podemos dar nome ao nosso novo psicopata
favorito: John Kramer (brilhantemente interpretado por Tobin Bell). Mais
armadilhas mortais, mas cujo objectivo é encontrar um sentido para a vida, mais
polícia (uma novidade), mais sangue – e também mais pontas soltas. Há então
necessidade de um terceiro filme, e ei-lo que chega, em 2006.
Com Saw III e a morte de John Kramer, haverá assim tantas pontas soltas
que justifiquem mais quatro filmes? Se não há, inventam-se. E com Saw IV, em 2007, chega aquele que para
mim seria o último filme da saga. Há no entanto que dar crédito aos
argumentistas Patrick Melton e Marcus Dunstan que subiram a bordo quando Leigh
Whanell e James Wan abandonaram o barco, em 2007 – por mais que tenham esticado
a corda, a história evoluiu de uma forma incrível e o puzzle ficou finalmente
concluído com o último capítulo da saga em 2010.
Retomando aqui então o parágrafo
inicial, em que vos falava sobre o que aconteceu ao cinema de terror antes e
depois de Saw – e então? Depois de Saw, o que é que vem? Filmes como Are You Scared, House of 9 ou Kill Theory
que seguem o mesmo esquema de Saw – são
apenas jogos mortais. Saw torna-se, assim, um marco tanto na história da
indústria como na história do cinema de terror e gore, que irá perdurar na memória dos fãs e admiradores do género.
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