REVIEW | To The Bone (2017)

Mais uma aposta da Netflix a ter em conta, To The Bone volta, uma vez mais as atenções para as produções próprias do serviço de streaming. Depois de 13 Reasons Why - que deu que falar pelo foco em temas como o suicídio e a depressão, To The Bone vem trazer à conversa os distúrbios alimentares. Fiel ao assunto, com um excelente elenco e uma boa banda sonora - mas ainda assim promete mais do que oferece.

A história em To The Bone é maravilhosa. Acompanhamos Ellen, uma jovem de 20 anos com um problema de anorexia, que, tanto quanto conseguimos perceber, já luta contra a doença há algum tempo. Ao fim de vários tratamentos infrutíferos, a madrasta de Ellen acompanha-a a um médico conhecido pelos seus métodos pouco convencionais - e tentam um novo tratamento. Dito assim isto parece mesmo muito básico. Mas, no fim de tudo, To The Bone vai um pouco mais longe (mas não demasiado).

O que interessa é que fugimos do espectro habitual no que diz respeito aos retratos sobre anorexia. Não sabemos como é que Ellen ficou doente, ou porque é que deixou de comer - ou até mesmo o porque de um contador de calorias com pernas. Sabemos que é uma pessoa doente, ponto. E ao seguir os métodos pouco convencionais do novo médico, a sua luta passa a ser não com a doença, mas com a própria vida. Encontrar-se passa a ser o objectivo. A história desenvolve-se bem, e flui com bastante naturalidade, mas acaba por ser praticamente o único ponto positivo do filme, já que a profundidade podia ser bem maior.

O elenco é fundamentalmente Lily Collins (mais uma actriz a ter em conta), cujo papel como Ellen com a sua acidez e sarcasmo acaba por ser interpretado sem falhas - e ofusca todo o restante elenco, incluíndo Keanu Reeves. O seu papel de médico acaba por ser pouco ou nada relevante para o desenrolar da história.

To The Bone realmente promete mais do que na realidade oferece, com uma história deliciosa mas que ainda assim apenas arranha a superfície, tentando ser profundo e falhando, por vezes nisso mesmo.